sexta-feira, 25 de março de 2011

"Algo que você não consegue entender" - Dimiclei pt.2

          A noite ia alta. Dimi estava sentado na escadaria de uma igreja. Considerou ali um bom lugar pois o movimento era escarço. As únicas coisas que se moviam eram as folhas das arvores embaladas pela brisa noturna proveniente do mar.
De repente, passos.
Duas pessoas. Um casal. Conseguia identificar por causa do característico "toc-toc" feito pelos saltos altos e pelo "tum-tum" da pisada firme de um sapato social. É agora! Dimi pegou o .38 e levantou. Foi até a parede da igreja e se escorou nela, ficando a dois passos da esquina. Os passos se aproximavam e, assim, o barulho dos saltos e solado. Ouvia vozes agora. Risada. A mulher ria. A sombra do casal se projetava na esquina e, gradualmente, ia crescendo. Mais um pouco... Mais um pouco... Mias um pouquinho...
- Perdeu, porra! - Dimi intimidou, sem muito alarde, ao dobrar a esquina com arma em punho. A mulher conteu um grito e o cara congelou. - Vamo, caralho! Passa a carteira! - Nenhuma ação. - Tá de sacanagem com a minha cara, seu cuzão? - Apontou a arma para a cabeça da loura. Ela trajava um curto vestido vermelho. - Eu mato essa vadia! Eu mato!
Eis que, então, heróicamente, o rapaz, trajando seu smoking italiano, sapatos bem engraxados e pretos, combinando com o terno; camisa vermelha e gravata listrada em preto, vermelho e branco, tira do seu bolso, calmamente, sua carteira, joga-a no chão, vira as costas e começa a correr dando inveja até mesmo a Yussain Bolt. A guria começa a chorar. Dimi fica surpreso e estático por umas dez batidas de seu coração acelerado pela adrenalina. Volta a si e pensa "Mas que grande filho duma puta..."
Dimi tira a arma da cabeça da loura e mira no fulho da puta fujão. Puxa o gatilho duas vezes. O covarde cai após gritar. A mulher gritava ainda mais. Dimi estava atordoado. Olhou para a guria. "Que disperdício...", pensou. Apontou a arma para ela. Os olhos da vítima arregalaram imaginando o pior. Seus lábios se moviam, mas não conseguia dizer nada. E não disse. Nunca mais. O impacto da bala em seu crânio dez a cabeça pender para trás violentamente, fazendo o corpo acompanhar o movimento tardiamente. A cabeça bateu no chão cerca de um segundo antes do corpo. Estava de barriga para cima e ainda era possível ver o desespero, a angustia e a tristeza nos olhos da pobre jovem.
A gritaria deu coragem aos vizinhos irem à janela ver o que ocorria, mas os que moravam em andares térreos e casas nada fizeram, com medo de uma bala perdida. Entretanto, aqueles que foram corajosos, viram que um homem trajando um canguru preto fugia da cena do crime não levando nada consigo, a não ser as vidas das vítimas.

FIM

Um comentário:

  1. Olá.

    gostei muito do seu blog...ja te segui.

    Mas por favor me ajuda aii me seguindo de volta.

    Abraços!

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