sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A peste e a universidade

 Estava lendo um conto de Charles Bukowski, “Observações sobre a Peste”, do livro Fabulário Geral do Delírio Cotidiano: Ereções, Ejaculações e Exibicionismos – Parte II, onde o velho Buk descreve a “peste” de maneira extremamente odiosa, mostrando a repugnância dessa praga que habita o planeta Terra e vive de forma extremamente desgraçada – para as vítimas, é claro – e prazerosa para si mesmo.
Depois de me deleitar e simplesmente me cagar de tanto rir – entenda, o assunto é sério e delicado, mas algumas experiências frente a peste que o velho desgraçado vivenciou, são fodidamente autobiográficas para qualquer ser humano, que tive algumas ideias para escrever as minhas notas sobre a peste.
Se você acha isso falta de criatividade, então, foda-se você e vá tomar bem no meio do olho do seu cu, ok? - Ou, podes simlpesmente parar de ler, e continuamos amigos.
Ele cita o exemplo de um tal McClintock, que ligava todos os dias as 9:00 da manhã, sabendo que o velho Buk trabalhava 12 horas todas as noites, chegava em casa as 7:00 e, depois de algumas garrafas de cerveja no bucho, ele dormia.
Se você não entendeu ainda o que é uma peste, provavelmente você é uma, mas exemplificarei melhor:
Imagine aquela pessoa que vem falar-lhe algo quando você simplesmente não está afim de ouvir nada de ninguém. O pior é que, essa pessoa, consciente ou incoscientemente – acredite, normalmente é CONSCIENTEMENTE – sabe que você está num mal dia, ou que você o conhece e sabe de sua fama de peste e simplesmente escolhe você, até sugar o último suspiro de sua paciência NAQUELE DIA, pois no dia seguinte, refeita, a peste retorna.
Pois bem, você está parado no seu canto, fazendo o que for da vida, mesmo que não seja nada, mas simplesmente quer que as coisas continuem assim, as pessoas andando de um lado para o outro, ignorando sua figura estática. Indo e vindo. Trabalhando, exercitando, passeando, estudando, vagabundeando e diversos outros “andos” que a transformação dos demais verbos permitem. E você não está fazendo nada. Eis que surge a peste.
Se você é o tipo de sujeito que prefere absorver os impactos sem revidar, com medo de que as pessoas possam se magoar com você, ou, simplesmente você não sabe porque diabos não enfia uma porrada verbal na cara do infeliz – junte-se a nós! -... A peste fareja isso. Ela sente. Tão claramente como o frio cortante da geada da manhã gélida de junho no Rio Grande do Sul. A criatura simplesmente sabe.
O incrível é que, você pode simplesmente mostrar total desinteresse – como eu faço – no assunto da peste.
- Faaaala seu Pedro! Seu Pedro Pedreira! tudo bom com o senhor? E a família? E o cachorro? Hahahaha
- E aí – (sorriso amarelo)
- Tudo tranquilo - note que eu não perguntei como ele estava – hahahaha! Esses dias eu..– Então, ele fala por mais de 10 minutos, sem parar, enquanto, eu desligo o cérebro e respondo “Uhum's”, “é...”, “Pior...”, “(Sorriso amarelo)”.
Após insistente papo, como se fosse meu melhor amigo, ou que me conhecesse desde sempre, faz-se um silêncio. Então, eu olho nos olhos da criatura e sabe o que eu vejo? A criatura, a peste, está tomando conta da mente daquele ser humano. Você vê, que o desgraçado está tentando achar um assunto para continuar conversando. Enquanto isso acontece, eu rezo, imploro a qualquer Deus, santo, exu, preto velho... o que for, para que apareça alguém com quem valha realmente a pena conversar. Essa é a tática correta. Jamais implore para uma força superior para que a peste vá embora. Como eu disse, ela sabe que você não vai reagir, por educação, bunda molisse, ou simplesmente, não sabe porque, e isso a fará mais forte.
O bizarro é que, as vezes, a pessoa que aparece, apesar de ser seu amigo, pode GOSTAR da peste, e vai puxar assunto com a peste. ESSA É A DEIXA! Simplesmente SAIA. MAS ATENÇÃO!!! NUNCA, JAMAIS, EM HIPÓTESE ALGUMA DIGA ONDE VOCÊ VAI. A peste simplesmente vai dizer:
- Vai/vão no CC? - Centro de Convivência, local onde ficam os bares na universidade – Tenho nada pra fazer mesmo, te acompanho!
Meu camarada, entenda, a peste TEM MUITO A FAZER, além de pestiá-lo, é claro. Mas essa sempre será a prioridade.
Uma peste muito comum no ambiente universitário é a seguinte: estão você e seus amigos/amigas, falando sobre trivialidades, mulher, cerveja, futebol, homens e professores(as) – em ambos os casos, falando mal...
Exemplo:
- O meu, agora que o Adriano chegou, conta o que tu estavas contando aquela hora!
- Ah, sim! Então, como eu estava dizendo, sabe aquela gostosa da economia?
- Qual? - o Adriano pergunta.
- Aquela que é baixinha e tem uns baita duns peitões. Bem, não são bem uns baaaita duns peitões, mas são bem bonitos... Loira, carinha de boneca, lábios convidativos e com uma testa grande.
- BAH, SEI! Continua!!! Tri Boa! No verão vem sempre com uns decotes sensacionais!
- Pois então, eu estava vindo do CC e indo para a aula, daí eu passo pela frente do banheiro feminino, cuja porta estava aberta, e a louca estava com as calças arriadas até metade...
- E aí gurizada, como é que tá?! E a provinha daqui a pouco?! Estudaram?? - Adivinha quem chegou na hora H? Na mesma hora, o cara que contava a história se perde. Os dois indivíduos mais “fortes” contra pestes simplesmente caem fora, restando o contador da história, eu, e a peste, lógico.
- B-bem... não muito mas... - Disse o contador da história
- Nem eu! - Diz a peste, que, óbviamente estudou, mas não quer passar como nerd. Sinceramente, seria muito melhor se ele passasse como nerd e não como peste, mas... a peste sempre é mais forte.
- Bom... Vou nessa. Está na hora da prova. - Eu disse.
É lógico que o cara terminou a história depois, numa outra ocasião. Mas, bem, foi como se você estivesse nas preliminares com uma gostosa, daí, veio uma peste e te joga um balde d'água fria por cima, gritando, dizendo “aháááá!!” e tirando fotos. Depois de muito conversar com a menina, ela entende que a criatura não é seu amigo, você não gosta da figura, explica com um texto mais ou menos desse tamanho que ele é uma peste para depois sim, transar com ela.
Você transou, mas não foi NAQUELE momento.

Agradeça a peste.

2 comentários:

  1. ESSE DOIDO VARRIDO ESCREVE MUITO BEM.... PRINCIPALMENTE SOBRE PESTE: PRIMEIRO ODIEI,PERMITA-ME, DEPOIS ADOREI! O QUE NÃO SIGNIFICA MANTER TAL STATUS ADIANTE.. VOU ESPECULAR MAIS ESSE BLOG. MAS ANTES DE SAIR ASSUSTADA, CORRENDO OU DISFARÇANDO COMO QUEM ENTROU NA PORTA ERRADA, MEIO ASSOVIANDO, BALANÇANDO O CORPO E DANDO UMAS OLHADINHAS PARA TRÁS, OU SER DESPEJADA/CUSPIDA PARA FORA PELO AUTOR, DEIXO UMA pequena aprovação AS SUAS TRANSGRESSÕES; SEMPRE ESPERANDO, É CLARO, QUE POSSAM AINDA QUE AINDA QUE DE FORMA AVESSA, CONTRIBUIR PARA O BEM DA HUMANIDADE DESPERTANDO OS VALORES MAIS NOBRES COMO RESPEITO, EDUCAÇÃO, SOLIDARIDADE E SIGNIFICADOS AFINS (....)

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  2. Fiquei pensando em algumas hipóteses sobre quem era a peste do CC...
    Bom, acho que no caso de TODO o curso de Geografia tem A peste clássica...
    Estimulada pela tua visita no meu blog fui dar uma olhada nos meus textos antigos... é nesses momentos que vejo como o caminho me transformou! Hoje em dia não teria mais tanta criatividade de descrever a Isabel com tanta delicadeza, heuiahiuehae...

    Abraço!

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