sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Algo que você não consegue entender" - O médico pt.3

    O cabelo da bela morena estava despenteado e preso em um rabo de cavalo. Gabriel, com cuidado, soltou o cabelo da moça e guardou o rabicó no bolso do tapa pó.
    Tirou a luva direita e tocou o rosto da jovem. Liso. Macio. Quente. Suave. Perfeito. Baixou a máscara até o queixo.
    - Hey, menina. Acorde. Acorde... - Gentilmente ele dava alguns tapinhas no lado não escoriado de seu rosto. Não obteve resultado. Se levantou “Ah, se aquele miserável quebrou alguma coisa... Eu juro que mato o infeliz! Eu juro!”, pensava alto. Foi até a bateria e pegou o banquinho. Colocou ao lado da banheira, ajustou-o para ficar um pouco mais alto, sentou-se e tentou acordar a moça novamente.
Dessa vez, Gabriel foi menos gentil. Com a mão direita, empurrou a menina, fazendo-a balançar e repetiu um pouco mais alto os “Acorde's”.
    Agora deu resultado. A menina gemeu e lentamente abriu os olhos. Tentou se mexer. Não conseguia. Arregalou os olhos. Perdida, olhava em todas as direções, mas só conseguia ver a gelada louça branca. Tentou falar, mas com a mordaça em sua boca só se ouvia “mmmff! Humpf!”. Desesperada, começou a chorar. Quando Gabriel a tocou ela estremeceu e ampliou o seu choro acompanhado de um suplício abafado.
    - Calma... Calma... Está tudo bem... Vai ficar tudo bem... Venha... Deixe-me ajudá-la. Vou ajuda-la a se sentar, tudo bem? - Falava com uma voz doce e suave.
    A menina balançava a cabeça como quem disesse “não”. Gabriel não se incomodou com as negativas dela, agarrou-a por baixo dos braços e sentou-a encostada na ponta da banheira.
    - O meu nome é Gabriel. Eu sou médico. Não se preocupe. Aquele brutamontes vai pagar pelo que fez em você, tudo bem? - falva olhando-a serenamente nos olhos.
    A moreninha tinha um olhar aterrorizado esculpido na face. Era tocante ver o nível de medo que uma pessoa podia expressar apenas com os olhos. As lágrimas não paravam de jorrar dos olhos. Tremia dos pés a cabeça. Respiração descompassada. Não respondeu a pergunta.
    - Está com sede?
    Agora respondeu. Ascentiu com a cabeça, enquanto apertava os olhos, fazendo mais lágrimas espirrarem.
    - Já volto. - Gabriel foi até uma segunda porta que tinha no recinto. Era como se fosse uma dispensa na parede. Apanhou uma garrafa d'água e um canudo. Abriu a garrafa e colocou o canudo.
    - Eu vou tirar essa mordaça, ok?
    Ela ascentiu. Devagar, Gabriel puxou a mordaça e soltou-a. O trapo ainda estava preso no pescoço da jovem.
    - Me ajuda, moço, pelo amor de Deus! Me ajuda... Me ajuda! - Gabriel chegou com a garrafa próxima dos lábios da jovem. Ela começou a sorver a água através do canudo, mas antes de chegar a boca ela interrompeu a ação.
     - Pode confiar em mim. Veja. Não tem nada na água. - Gabriel bebu um bom gole. - Viu? - Abriu a boca mostrando que tinha engolido.
    - Por que não me desamarra? - Perguntou assustada.
    - Já vou fazer isso, minha querida. Seja paciente.
    Então, sorriu.





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