segunda-feira, 9 de julho de 2012

"Nombarath Vs Ishtar" parte 2 de 7


            Alana voltava para casa acompanhada de sua melhor amiga, Leonora. Sempre que estavam juntas, evitavam falar do que a maioria das mulheres de Nombarath falava: de seus amigos, pais, irmãos, namorados, maridos, companheiros... Enfim, amores que lutavam na guerra. Era difícil. Algumas pessoas simplesmente não entendiam – algumas inclusive as repreendiam - como as duas conseguiam desvirtuar a mente de tamanha aflição. Nem elas mesmas sabiam dizer, mas, de alguma forma, obtiveram o êxito. Inclusive já debateram, certa vez, sobre o fato. A conclusão que chegaram fora de que tinham uma a outra. Não que as demais mulheres que conheciam não tivessem amizades, mas nenhuma outra podia dizer que tinha tão forte amizade como as duas possuíam uma pela outra. Tinham dezesseis anos e a vida pela frente. Eram amigas desde sempre. Estavam trabalhando na fábrica, em nome de seus amores e a pátria, suprindo a falta dos homens, para que a nação não parasse e para que fosse possível o envio de suprimentos aos soldados no campo de batalha.
            Sua cidade, Namkarath era uma das mais a leste do Reino. Apenas uma outra – Razor – ficava situada próxima à fronteira, oposta a Ishtar, com Marok, um pequeno reino vizinho e neutro a toda a essa rixa.
            Era noite, As ruas estavam cheias de mulheres na mesma condição. Retornavam a seus lares depois de dez horas de jornada de trabalho. Ficavam em casa somente os idosos – maiores de sessenta anos – e as crianças menores de doze.
            Apesar de não haver lua no céu, a noite era iluminada, artificialmente, pelos postes. Gigantes de cinco metros de altura feitos de cobre e com o seu topo retorcido setenta centímetros em direção à rua. Uma lâmpada projetava uma luz alaranjada no chão, fazendo um círculo de, aproximadamente, dois metros e meio sobre os recortes regulares de paralelepípedo que calçavam a rua.
            - O Ranzo não respondeu a última carta... – Alana não conseguiu conter a angústia pelo atraso inédito da resposta do namorado combatente. Leonora entendeu que a consternação da amiga deveria ter atingido seu limite, então resolveu confortá-la.
            - Calma, Lana. O Ranzo é um bom soldado. Se juntou as forças armadas desde criança e...
            - Eu sei... – Interrompeu – É que ele nunca atrasou e...
            - Quanto tempo faz? – Agora fora a amiga quem interveio.
            - Indo para o segundo dia...
            - Ah, deve ter dado algum problema com o transporte de correspondência. Não se preocupe. Agora vamos mudar de assunto, sim? Percebeu que Nosso Querido Soberano está sempre com a mesma roupa? Sempre com aquele paletó vermelho-encarnado, camisa branca e a gravata preta com a flor de Liz, o símbolo da princesa Isabela, bordada em dourado...
            - Pois é! Penso que seja algum tipo de uniforme ou traje especial para falar na televisão... Mas fica bem, não? Aquele cabelo negro e comprido até os ombros... Olhos claros...
            - Se ele não fosse Nosso Querido Soberano... Ai, acho que eu partia pra ofensiva hahaha!
            - Hahaha! Só pode ser louca... – Alana foi capturada novamente por pensamentos taciturnos – Como será que os meninos estão se saindo?
            - Quebrando cada pescoço nojento daqueles ratos asquerosos! – Leonora falou num misto de confiança e veemência – Pode apostar! Ranzo treinando as artes de guerra desde pequeno e o meu querido Thânos auxiliando ele com sua mira precisa, formam uma dupla imbatível! Além do mais, Nosso Soberano nos atualiza constantemente sobre a guerra.
            - Sim... É... Tens razão, Leô...
            - Relaxa, Lana. E não esqueça de que estamos ganhando. Nosso Soberano disse que os meninos estão próximos a Susamar, o ninho daquele país de ratos. Aposto que o Ranzo vai te trazer a orelha de um daqueles lixos.
            - Tomara... Tomara...
            Se despediram e Alana dobrou a esquerda no cruzamento, rumando para sua casa.

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