terça-feira, 6 de agosto de 2013

As Crônicas de Folsom - Fonográfica (pt.2 de 2)

            - Onde estávamos? – perguntou Frank.
            - Ias me falar quem teria interesse na morte do cara.
            - Os donos dos artistas, Jack. As gravadoras.
            - Aahh... Mas continuo sem entender o motivo de matar... Não tenho nada o que ver com isso, porém apenas não entendo.
            - Você já estudou na escola sobre aqueles grandes pintores antigos, como Picasso, Da Vinci e companhia, certo?
            - Faz tempo...
            - Não importa. Tu sabes que a maioria desses caras viveu num certo ostracismo, certo?
            - É...
            - E que os quadros deles, quando eram vivos, não valiam um tostão furado. Os que ficaram famosos ainda vivos conseguiam vender suas pinturas por uma boa quantia, mas... Sabe o valor da Monalisa?
            - Nem ideia.
            - Bem, eu posso te assegurar que não cabe num cheque, por causa dos zeros.
            - Acho que estou começando a entender.
            - Isso mesmo. O fato de matar o infeliz... No mundo artístico não funciona do mesmo jeito que no nosso – fez um gesto com os dedos indicando aspas – mundo. O Jack morre, e não temos mais o nosso melhor profissional. Ficaríamos desfalcados. Agora no Showbusiness... Ninguém vai substituir o polaco e é isso que eles querem mesmo. Já imaginou o que eles não vão ganhar com álbuns póstumos, as famosas faixas perdidas do álbum tal, coletâneas, camisetas, filmes, livros...
            - Mas a lei não dá direito dos lucros para a família dele e etc?
            - Como que tu achas que eu consegui a chave da casa dele?
            - Tá me dizendo que a mulher dele...
            - É isso aí... Pelo que eu soube, eles dividiram a grana e, com certeza, isso vai dar merda mais pra frente, entretanto, como eu te disse anteriormente, não nos interessa. Fomos contratados para executar. O problema é deles se der errado.
            - Nunca cogitou que, na hora do aperto, caso uma coisa dessas viesse à tona, eles mandassem fogo pra cima da companhia? – Frank deu uma risada.
            - Jack... Jack... Eles não seriam loucos... Sempre tem alguém querendo ganhar alguma coisa em cima de alguém... E se eles se fresquearem um dia... Nós conhecemos caras como você que aceitariam fazer um belo serviço. E eles sabem disso.
            - E se alguém se recusar? – Frank parou e abriu um sorriso malicioso para o assassino.
            - Nós sabemos onde vocês moram.
            Jack tentou esconder com um sorriso amarelo que a sutil ameaça havia surtido efeito. Por sorte a garçonete chegou trazendo seus pedidos. Ambos comeram em silêncio. Frank fumou mais um cigarro, então entregou um pacote para o algoz, uma nota de vinte dólares para o café mais a gorjeta para a garçonete/fã abalada pela morte do ídolo, como um alento ao sofrimento da pobre menina, depois, levantou e saiu. Jack pegou o jornal e começou a ler.
            Queria ter podido estourar os miolos do gordo presunçoso, mas estava satisfeito. O dinheiro daria para passar o ano sem se preocupar muito. Olhou os classificados, procurando se tinha algum emprego interessante. Não achou nada.

Levantou e foi embora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário